13 de janeiro de 2011

Leituras - parte 2


Eu já tinha muito ouvido falar sobre esse gibi, que de muito tem em comum com o nome desse blog... acontece que Umbigo Sem Fundo do americado Dash Shaw é fantástico, e confesso que li de uma vez, em uma madrugada inteira, e que me fez perder a hora no dia seguinte...
Não vou entrar aqui no mérito da história, pois essas estão espalhadas aos montes por ai, histórias que comovem, histórias que fazem rir, histórias tristes, histórias de superação... essas histórias são o combustível que faz funcionar a indústria cultural... o cinema, as novelas, os seriados, os programas sensacionalistas... ou seja, histórias como as retratas em Umbigo Sem Fundo podem aparecer em qualquer veículo midiático e alcançar certo sucesso...
Ai que entra a mente estremamente detalhista e sensível de Shaw para fazer dessa história digna de ser lida... para quem conhece a linguagem das histórias em quadrinhos, logo pode notar a inventividade desse escritor e desenhista, a maneira como ele usa os enquadramentos e as onomatopéias (aqueles lances que representam sons na escrita), os lapsos temporais, a condução dos momentos dramáticos, e a condução dos momentos dinâmicos, tudo isso é muito bem criado e trabalhado, recheado por traços leves, que não incomodam, traços que parecem os de manuais de escola. Vejam essa linda sequência que segue:
Mas o ponto positivo da obra não está apenas em sua história ou em sua narrativa, a sutileza maior dessa obra é como o autor associa de maneira inteligente sua crítica a própria indústria cultural, que cerca as pessoas e que as diz a elas como agir... está presente na obra o cinema e a vida dos famosos, sendo suas condutas ao mesmo tempo, espelhos da realidade, mas também referencial de vida das pessoas normais, protagonistas da vida real... assim, o estudante de cinema, Peter, propositadamente representado como um homem-sapo, não consegue ter sucesso com seus curtas metragem pois estes são condizentes com aquilo que ele vive, seu isolamento que em sua obra se transforma na necessidade do par romântico que nunca vai dar certo, e que na vida real se mostra, hora diferente do que é sugerido pela tela, hora condizente com este espetáculo.
Umbigo Sem Fundo é para ser lido varias vezes, pelos detalhes e pela sutileza da crítica, que mostra que o quadrinho underground norte-americano continua com fôlego.


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